quarta-feira, 30 de julho de 2008

244. Os Espíritos vêem a Deus?

— Somente os Espíritos superiores o vêem e compreendem; os Espíritos inferiores o sentem e adivinham.

244-a. Quando um Espírito inferior diz que Deus lhe proíbe ou permite uma coisa, como sabe que a ordem vem de Deus?

— Ele não vê a Deus, mas sente a sua soberania, e quando uma coisa não deve ser feita ou uma palavra não deve ser dita, recebe uma intuição, uma advertência invisível, que o inibe de fazê-lo. Vós mesmos tendes pressentimentos que são para vós como advertências secretas, para fazerdes ou não alguma coisa. O mesmo acontece connosco mas em grau superior, pois compreendes que, sendo mais subtil do que a vossa a essência dos Espíritos, podemos receber mais facilmente as advertências divinas.

244-b. A ordem é transmitida directamente por Deus, ou por intermédio de outros Espíritos?

— Não vem directamente de Deus, pois para comunicar-se com ele é preciso merecê-lo. Deus transmite as suas ordens pelos Espíritos que estão mais elevados em perfeição e instrução.

245. A vista dos Espíritos é circunscrita, como nos seres corpóreos?

— Não, é uma faculdade geral.

246. Os Espíritos precisam de luz para ver?

— Vêem pela luz própria, sem necessidade de luz exterior. Para eles não há trevas, a não ser aquelas em que podem encontrar-se por expiação.

247. Os Espíritos precisam transportar-se, para ver em dois lugares diferentes? Podem ver ao mesmo tempo num e noutro hemisfério do globo?

— Como o Espírito se transporta com a rapidez do pensamento, podemos dizer que vê por toda parte de uma só vez. Seu pensamento pode irradiar e dirigir-se para muitos pontos ao mesmo tempo. Mas essa faculdade depende da sua pureza; quanto menos puro ele for, mais limitada é a sua vista; somente os Espíritos superiores podem ter visão de conjunto.
A faculdade de ver dos Espíritos, inerente à sua natureza, difunde-se por todo o seu ser, como a luz num corpo luminoso. É uma espécie de lucidez universal, que se estende a tudo, envolve simultaneamente o espaço, o tempo e as coisas e para a qual não há trevas nem obstáculos materiais. Compreende-se que assim deve ser, pois no homem a vista funciona através de um órgão que recebe a luz, e sem luz ele fica na obscuridade. Nos Espíritos, a faculdade de ver é um atributo próprio, que independe de qualquer agente exterior. A vista não precisa da luz. (Ver Ubiquidade - item 92).

248. O Espírito vê as coisas distintamente como nós?

— Mais distintamente, porque a sua vista penetra o que a vossa não pode penetrar; nada a obscurece.

249. O Espírito percebe os sons?

— Sim, e percebe até mesmo os que os vossos sentidos obtusos não podem perceber.

249-a. A faculdade de ouvir, como a de ver, está em todo o seu ser?

— Todas as percepções são atributos do Espírito e fazem parte do seu ser. Quando ele se reveste de corpo material, elas se manifestam pelos meios orgânicos; mas, no estado de liberdade, não estão mais localizadas.

250. Sendo as percepções atributos do próprio Espírito, ele pode deixar de usá-las?

— O Espírito só vê e ouve o que ele quiser. Isto de uma maneira geral, e sobretudo para os Espíritos elevados.Os imperfeitos ouvem e vêem frequentemente, queiram ou não, aquilo que pode ser útil ao seu melhoramento.

251. Os Espíritos são sensíveis à música?

— Trata-se da vossa música? O que é ela perante a música celeste, essa harmonia da qual ninguém na Terra pode ter ideia? Uma é para a outra o que o canto do selvagem é para a suave melodia. Não obstante, os Espíritos vulgares podem provar um certo prazer ao ouvir a vossa música, porque não estão ainda capazes de compreender outra mais sublime. A música tem, para os Espíritos, encantos infinitos, em razão de suas qualidades sensitivas muitos desenvolvidas. Refiro-me à música celeste, que é tudo quanto a imaginação espiritual pode conceber de mais belo e mais suave.

252. Os Espíritos são sensíveis às belezas naturais?

— As belezas naturais dos vários globos são tão diversas que estamos longe de as conhecer. Sim, são sensíveis a elas segundo as suas aptidões para as apreciar e compreender. Para os Espíritos elevados há belezas de conjunto, diante das quais se apagam, por assim dizer, as belezas dos detalhes.

253. Os Espíritos experimentam as nossas necessidades e os nossos sofrimentos físicos?

— Eles os conhecem, porque os sofreram, mas não os experimentam, como vós, porque são Espíritos.

254. Os Espíritos sentem fadiga e necessidade de repouso?

— Não podem sentir a fadiga como a entendeis, e portanto não necessitam do repouso corporal, pois não possuem órgãos em que as forças tenham de ser restauradas. Mas o Espírito repousa, no sentido de não permanecer numa actividade constante. Ele não age de maneira material, porque a sua acção é toda intelectual e o seu repouso é todo moral. Há momentos em que o seu pensamento diminui de actividade e não se dirige a um objectivo determinado; este é um verdadeiro repouso, mas não se pode compará-lo ao do corpo. A espécie de fadiga que os Espíritos podem provar está na razão da sua inferioridade, pois quanto mais se elevam, de menos repouso necessitam.

255. Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu sofrimento?

— Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente que os sofrimentos físicos.

256. Como alguns Espíritos se queixam de frio ou calor?

— Lembrança do que sofreram durante a vida e algumas vezes tão penosa como a própria realidade. Frequentemente, é uma comparação que fazem, para exprimirem a sua situação. Quando se lembram do corpo, experimentam uma espécie de impressão, como quando se tira uma capa e algum tempo depois ainda se pensa estar com ela.

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