quarta-feira, 30 de julho de 2008

6. Porque os Espíritos comunicantes tomam com tanta frequência nomes de santos?
— Identificam-se com os hábitos daqueles a quem se dirigem. Tomam os nomes mais aptos a melhor impressionar o homem, de acordo com as crenças deste.

7. Certos Espíritos superiores que se costumam evocar atendem sempre em pessoa? Ou, como pensam alguns mandatários para transmitir o seu pensamento?
— Porque não atenderiam em pessoa, se o podem? Mas se o Espírito não puder atender, em seu nome falará forçosamente um mandatário.


8. O mandatário é sempre suficientemente esclarecido para responder como o faria o próprio Espírito?
— Os Espíritos superiores sabem a quem confiam o encargo de os substituir. Aliás, quanto mais elevados são os Espíritos, mais se harmonizam num pensamento comum, de tal maneira que para eles a personalidade é diferente, como deve ser também para vós. Pensais então que no mundo dos Espíritos superiores só existem aqueles que conhecestes na Terra como capazes de vos instruir? Sois de tal modo levados a vos tomar por tipos universais que acreditais nada haver além do vosso mundo. Assemelhai-vos de facto aos selvagens que nunca saíram de sua ilha e pensam que o mundo não vai além dela.


9. Compreendemos que seja assim quando se trata de ensinamento sério. Mas como os Espíritos elevados permitem a Espíritos de baixa classe usarem nomes respeitáveis para semear o erro através de máximas muitas vezes perversas?
— Não é com a sua permissão que o fazem. Isso não acontece também entre vós? Os que assim enganam serão punidos, ficai certos disso, e a punição será proporcional à gravidade da impostura.
Aliás, se não fosseis imperfeitos só teríeis Espíritos bons ao vosso redor. Se sois enganados, não o deveis senão a vós mesmos. Deus o permite para provar a vossa perseverança e o vosso discernimento, para vos ensinar a distinguir a verdade do erro. Se não o fazeis é porque não estais suficientemente elevados e necessitais ainda das lições da experiência.


10. Espíritos pouco adiantados, mas animados de boas intenções e do desejo de progredir não são às vezes incumbidos de substituir um Espírito superior para se exercitarem na prática do ensino?
— Jamais nos Centros importantes. Quero dizer nos Centros sérios e para um ensino de ordem geral.(11) Os que o fazem é por sua própria conta e, como dizem, para se exercitarem. É por isso que as suas comunicações, embora boas, trazem sempre a marca da sua inferioridade. Recebem essa incumbência apenas para as comunicações de segunda importância e para as que podemos chamar de pessoais.


11. As comunicações espíritas ridículas são às vezes entremeadas de boas máximas. Como resolver essa anomalia, que parece indicar a presença simultânea de Espíritos bons e maus?
— Os Espíritos maus ou levianos se metem também a sentenciar, mas sem perceberem bem o alcance ou a significação do que dizem. Todos os que o fazem entre vós são homens superiores? Não, os Espíritos bons e maus não se misturam. É pela constante uniformidade das boas comunicações que reconhecereis a presença dos Espíritos bons.


12. Os Espíritos que induzem ao erro estão sempre conscientes do que fazem?
— Não. Há Espíritos bons, mas ignorantes; podem enganar-se de boa fé. Quando tomam consciência da sua falta de capacidade eles a reconhecem e só dizem o que sabem.


13. Ao dar uma falsa comunicação, o Espírito sempre o faz com má intenção?
— Não. Se for um Espírito leviano apenas se diverte a mistificar, sem outra finalidade.


14. Desde que certos Espíritos podem enganar pela linguagem, podem tomar também uma falsa aparência para os médiuns videntes?
— Isso acontece, mas é mais difícil. Em todos os casos isso somente se dá com uma finalidade que os próprios Espíritos maus desconhecem, pois servem de instrumentos para uma lição. O médium vidente pode ver os Espíritos levianos e mentirosos como os outros médiuns podem ouvi-los ou escrever sob sua influência. Os Espíritos levianos podem aproveitar-se da faculdade do médium para o enganar com uma falsa aparência. Isso depende das qualidades do próprio Espírito do médium.(12)


15. É suficiente a boa intenção para não ser enganado, e nesse caso os homens realmente sérios, que não mesclam de curiosidade leviana os seus estudos, também estariam expostos à mistificação?
— Menos do que os outros, evidentemente. Mas o homem tem sempre algumas esquisitices que atraem os Espíritos zombeteiros. Julga-se forte e quase nunca o é. Deve desconfiar, por isso mesmo, da fraqueza proveniente do orgulho e dos preconceitos. Não se levam muito em conta essas duas causas de que os Espíritos se aproveitam, pois agradando-lhes as manias estão seguros de conseguir o que desejam.(13)


16. Porque Deus permite que os Espíritos maus se comuniquem e digam coisas más?
— Mesmo o que há de pior traz um ensinamento. Cabe a vós saber tirá-lo. É necessário que haja comunicações de toda espécie para vos ensinar a distinguir os Espíritos bons dos maus e para que vos sirvam de espelho.


17. Os Espíritos podem sugerir desconfianças injustas contra certas pessoas, por meio de comunicações escritas, e separar amigos?
— Os Espíritos perversos e invejosos podem praticar os males que os homens praticam. Eis porque precisamos estar sempre em guarda. Os Espíritos superiores são sempre prudentes e reservados quando censuram: nada dizem de mal, advertem com jeito. Se quiserem que duas pessoas, no próprio interesse delas, deixem de ver-se, provocarão incidentes que as separem de maneira natural. Uma linguagem que semeia discórdia e desconfiança provém sempre de um Espírito mau, seja qual for o nome de que se sirva. Assim, recebei sempre com reservas o que um Espírito disser de mal contra outro, sobretudo quando um Espírito bom já vos disse o contrário, e desconfiai também de vós mesmos, das vossas próprias aversões. Das comunicações espíritas aceitai somente o que for bom, grande, belo, racional e o que a vossa consciência aprove.


(11) "Les grands centres", como está no original, ou os Centros importantes, como diríamos em português, são as instituições responsáveis, pouco importando o seu tamanho ou número de adeptos. Para se compreender a razão dessa espécie de privilégio (ao menos aparente) confronte-se este item com os de nº 19 e 20. A justiça espírita é aplicada segundo os méritos reais de pessoas e instituições, visando sempre ao bem geral. (N. do T.)


(12) Passa-se exactamente como entre os encarnados: o trapaceiro só consegue êxito com as pessoas que lhe dão ouvidos. Daí o ensino evangélico de vigiar e orar. Na mediunidade esse ensino se aplica como verdadeira lei. O médium que não vigiar a si mesmo e não souber manter-se em oração está sujeito a todos os enganos. Mas cada engano será para ele uma lição, como é para os homens enganados por outros. (N. do T.)


(13) Todos temos as nossas manias e as nossas pretensões. Os Espíritos zombeteiros ou mistificadores, por simples diversão ou maldade se aproveitam delas, dizendo coisas que estão de acordo com essas fraquezas do nosso carácter. Com isso nos agradam e nos dominam. (N. do T.)


18. Pela facilidade com que os Espíritos maus se infiltram nas comunicações, parece que nunca se pode estar certo da verdade?
— Sim, podeis, desde que tendes a razão para os julgar. Ao ler uma carta sabeis reconhecer muito bem se foi um grosseirão ou um homem educado, um tolo ou um sábio que a escreveu. Se recebeis uma carta de um amigo distante, o que vos prova que é dele? A letra, direis. Mas não há farsantes que imitam todas as letras e tratantes que podem conhecer os vossos negócios? Não obstante, há indícios que não vos permitem enganar. O mesmo se dá com os Espíritos. Imaginai que é um amigo que vos escreve ou que se trata da obra de um escritor. E julgai da mesma maneira.


19. Os Espíritos superiores poderiam impedir os maus de tomarem nomes falsos?
— Certamente que o podem. Mas, quanto piores são os Espíritos, mais teimosos são e frequentemente resistem às injunções. Convém saber que há pessoas pelas quais os Espíritos superiores se interessam mais do que por outras, e quando julgam necessário sabem preservá-las da mentira. Contra essas pessoas os mistificadores são impotentes.


20. Qual a razão dessa parcialidade?
— Isso não é parcialidade, é justiça. Os Espíritos bons se interessam pelos que aproveitam os seus conselhos e se esforçam seriamente para melhorarem. São esses os seus preferidos e os ajudam, mas pouco se importam com aqueles que os fazem perder o seu tempo em belas palavras.


21. Porque Deus permite aos Espíritos o sacrilégio de usarem falsamente nomes veneráveis?
— Poderíeis perguntar também porque Deus permite aos homens mentir e blasfemar. Os Espíritos, como os homens, têm o seu livre-arbítrio para o bem e para o mal, mas nem uns nem outros escaparão à justiça de Deus.


22. Há fórmulas eficazes para expulsar Espíritos mentirosos?
— Fórmula é matéria. Vale mais um bom pensamento dirigido a Deus.


23. Certos Espíritos disseram possuir sinais gráficos inimitáveis, espécies de selos pelos quais se pode reconhecer e constatar a sua identidade. Isso é verdade?
— Os Espíritos superiores só possuem como sinais de sua identidade a elevação de suas ideias e de sua linguagem. Qualquer Espírito pode imitar um sinal material. Quanto aos Espíritos inferiores, traem-se de tantas maneiras que só um cego se deixa enganar por eles.


24. Os Espíritos inferiores não podem imitar também o pensamento?
— Imitam o pensamento como os cenários do teatro imitam a Natureza.


25. Seria assim tão fácil descobrir a fraude por um exame atento?
— Nem há dúvida. Os Espíritos só enganam os que se deixam enganar. Mas é preciso ter olhos de joalheiro para distinguir a pedra verdadeira da falsa, e quem não sabe distingui-la procura um lapidário.


26. Há pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enfática, que se contentam mais com palavras do que com ideias, que chegam mesmo a tomar ideias falsas e vulgares por sublimes. Como essas pessoas, inaptas para julgar os homens, podem julgar os Espíritos?
— Quando são bastante modestas para reconhecer a sua insuficiência não se fiam em si mesmas. Quando, por orgulho, se julgam mais capazes do que são, pagam pela sua tola vaidade. Os Espíritos mistificadores sabem a quem se dirigem. Há pessoas simples e pouco instruídas que são mais difíceis de enganar do que as espertas e sabidas. Agradando o amor-próprio eles fazem dos homens o que querem.(14)


27. Ao escrever, os Espíritos maus às vezes se traem por sinais materiais involuntários?
— Os habilidosos, não. Os inábeis se atrapalham. Qualquer sinal inútil e pueril é indício certo de inferioridade. Os Espíritos elevados não fazem nada inútil.
28. Muitos médiuns reconhecem os Espíritos bons e maus pela sensação agradável ou penosa que experimentam à sua aproximação. Perguntamos se a impressão desagradável, a agitação convulsiva, ou mal-estar enfim, são sempre indícios da natureza má dos Espíritos manifestantes.
— O médium experimenta as sensações do estado em que se encontra o Espírito manifestante. Quando o Espírito é feliz, seu estado é tranquilo, calmo; quando é infeliz, é agitado, febril e essa agitação se transmite naturalmente ao sistema nervoso do médium. Aliás, é assim com o homem na Terra: aquele que é bom, mostra-se calmo e tranquilo; aquele que é mau está sempre agitado.
Observação - Há médiuns de maior ou menor impressionabilidade e por isso não se pode considerar a agitação como regra absoluta. Nisto, como em tudo, devemos levar em conta as circunstâncias. A natureza penosa e desagradável da sensação é produzida pelo contraste, pois se o Espírito do médium simpatizar com o Espírito mau que se manifesta, será pouco ou nada afectado por este. Além disso, é necessário não confundir a rapidez da escrita, produzida pela extrema flexibilidade de certos médiuns, com a agitação convulsiva que os médiuns mais lentos podem sofrer ao contacto dos Espíritos imperfeitos.


(14) A vaidade anula a inteligência e a instrução. A humildade supre através da vaidade que os mistificadores dominam os mais inteligentes e instruídos. Podemos ver isso ao nosso redor, e nos espantamos de que certas pessoas se deixem levar por mistificações evidentes. Os itens 25 e 26 esclarecem bem esse problema. Devemos meditar sobre esses itens. (N. do T.)


Referência: O livro dos médiuns

Quinta-feira, 12 de Julho de 2007

Influência dos espíritos



Influência dos Espíritos sobre os Acontecimentos da Vida


525. Os Espíritos exercem influência sobre os acontecimentos da vida?


— Seguramente, pois que te aconselham.


525-a. Exercem essa influência de outra maneira, além dos pensamentos que sugerem, ou seja, têm uma acção directa sobre a realização das coisas?


— Sim, mas não agem nunca fora das leis naturais.


Pensamos erradamente que a acção dos Espíritos só deve manifestar-se por fenómenos extraordinários; desejaríamos que viessem em nosso auxílio através de milagres, e sempre os representamos armados de uma varinha mágica. Mas assim não é, e eis porque a sua intervenção nos parece oculta e o que se faz pelo seu concurso nos parece inteiramente natural. Assim, por exemplo, eles provocarão o encontro de duas pessoas, o que parece dar-se por acaso; inspirarão a alguém o pensamento de passar por tal lugar; chamarão sua atenção para determinado ponto, se isso pode conduzir ao resultado que desejam; de tal maneira que o homem, não julgando seguir senão os seus próprios impulsos, conserva sempre o seu livre-arbítrio.

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